Capitulo 40.

25/08/2010 11:21

Algumas semanas se passaram. Julho já começava a dar o ar de sua graça, tentando me animar mais uma vez com um "dia perfeito". Eu tinha ficado mais fria. Meus pais começaram a notar minha mudança de humor, e quase me forçaram a frequentar um terapeuta. Ash vinha me visitar pelo menos três vezes na semana, e continuava me ligando todos os dias. Zac também mudara. Sempre estava sério, raramente via os sorrisos que antes se repetiam constantemente. Deixara a barba crescer e abandonara o curso de teatro, estava focado em Administração. Não nos falávamos desde aquele dia, apenas cumprimentos quando extremamente necessário. Porém, uma coisa em particular me chamou atenção: ele não tirara o anel. Eu, conhecendo meus sentimentos, não o tirara também, porque queria ter alguma ligação com ele. Mas, Zac, que me evitava sempre que podia e que não podia, que dizia ter raiva de mim, não o tirou, quando deveria ser sua primeira atitude. Interessante.

-E aí, Van? O que acha disso? -Jess falou, ela era a única amiga que eu tinha na faculdade
-Do que? -Eu voltei á Terra só naquele momento
-O trabalho! Eu sei que deve estar a maior correria na Popula, mas pra você acabar a faculdade precisa fazê-lo.
-Eu sei, Jess. É que eu tava voando aqui...
-Pensando no Zac?
-Sempre e sempre -Sorri
-Amiga, ele já se recuperou, você tem que sair dessa também.
-Recuperou? Não vejo isso -Revirei os olhos.
-Você não está sabendo?
-Do que? -Me interessei, com medo.
-Ele e a Betty tão no maior love. Faz um tempinho já, menina...

Senti como se não pudesse respirar. Voltei a olhar ele de longe, e decorei cada passo de aproximação da Bitch. Ela o olhava interessada, e isso me causava raiva e ciúme, mas... Outra atitude me chamou atenção. Ele não retribuía o olhar, estava estático, parecia que estava atuando.
Deixei Jess falando sozinha mais uma vez, até Ash chegar pra me buscar. Normalmente ela falava com Scott e vinha ao meu encontro, pra não forçar encontros entre eu e Zac. Mas dessa vez, me apressei, queria tirar algumas dúvidas. Estavam Scott, Bitch, Zac e Ash.

-Oi, gente -Sorri, alegre demais.
-Pequena, como estás? -Scott agia normalmente
-Pergunta errada -Rimos nós dois
-Tudo bom, Zac? -Era a primeira vez em mais de um mês que eu dirigia a palavra á Zac.
-Uhum, você? -Ele falou com um interesse disfarçado
-Bem.. -Menti, enquanto lhe confessava a verdade com um olhar.
-Vamos, né Vanessa? -Ash queria me tirar dalí.
-Por que não almoçamos todos juntos?
-Ã? -Ela falou, incrédula
-Nada contra. -Scott disse, beliscando Ash
-Você pode ir também... Betty. -Falei a encarando com falsa simpatia.
-Eu e a Betty vamos almoçar juntos, podem ir vocês três. -Zac falou e se afastou com o braço em volta do pescoço dela.
-Scott, isso é sério? -Olhei pros dois e depois pra ele.
-Pergunta errada, Vanessinha. -Dessa vez não houve risos.

Aquele dia foi péssimo. Um mês depois, ele já estava com outra, e depois ele dizia que me amava. Inconformada, acabei jogando toda a minha raiva em Taylor, que deve ter trabalhado mais do que necessário. Quando saí do trabalho recebi uma mensagem de Ash, que me deixou intrigada.

"Amiga, estamos no Rock Garden. Vem pra cá. Bjs, Ash s2"

Estamos? Da onde saiu tanta vontade de me fazer de vela? E o pior, virar vela do Rock Gargen, apesar de ser chique, não me traz boas lembranças. Mesmo assim, fui. Me assustei com o fato de a mesa de 4 lugares estar ocupada com três pessoas.

-Ainda bem que veio, amiga! -Ash estava animada.
-Claro que ia vir, Rock Garden é extremamente perfeito! Só quero saber qual é o fato extraódinário *-* -Disse enquanto me sentava ao lado de Ash, na frente de Zac, que permanecia com a expressão de nada.
-Hoje eu e o Scott fazemos um mês $: E agente queria comemorar primeiro com vocês, porque afinal, vocês são ótimos cupidos! -O casal riu, e eu e Zac acompanhamos com um leve sorriso.
-Que lindos *-* Eu estou muito feliz por vocês, sério. -Coloquei minha bolsa da Louis Viutton no colo, e senti o peso da dor mais uma vez. Rock Garden, Louis Vuitton, anel, 6 meses.
-Então um brinde á nós 4, espero que essa amizade dure pra sempre. -Scott falou com um duplo sentido e brindamos com chamapnhe.

A troca de olhares entre eu e Zac era inevitável. Eu olhava seus olhos sem o brilho de sempre, olhava seu rosto tão divino, mas sem vida. Olhava o anel, que de alguma forma ainda unia nossos corações.
Apesar de ele saber atuar muito mais do que eu, dei minha primeira tentativa. Queria saber se ele ainda me amava, queria as respostas que me impediriam de lutar por ele, ou que me fariam gerrear. Soltei o anel, fingindo que ele havia caído do meu dedo.

-Jesus! Meu anel, pega por favor Ash. -Zac me olhou surpreso, provavelmente não sabia que eu ainda usava.
-Só podia ser tu, Vanessa! -Scott brincou. E eu vi que Zac tirou a mão direita da mesa.
-Toma menina, nunca vi, é um apego com esse anel! -Ela riu pra mim, eu sorri de leve.

Quando encarei Zac, ele desviou o olhar e entrou na conversa. Ele simplesmente fingia que não me amava e que não ligava pra mim. Fingia estar apaixonado por outra pessoa, pra não admitir que a única coisa que queria na vida era me abraçar de novo. Eu o conhecia melhor do que qualquer outra, mais que a palma da minha mão. Ri sozinha com minha descoberta.

-Ficou doida, amiga? -Ash riu de mim
-Tô feliz, poxa -Sorri mais ainda
-Eu também tô muito feliz e não tô rindo sozinho u-u -Scott brincou, me manipulando
-É segredo, não vou te contar. -Dei língua pra ele e todos rimos.

A noite foi maravilhosa. Eu ficava transbordando de alegria só de ver o brilho autêntico nos olhos de Ash e o sorriso que não tinha a audácia de sair da sua boca. Ela estava tão feliz, tão realizada, que mesmo que meu coração estivesse partido, eu me espelhava na indestrutibilidade do dela. Eram mais ou menos uma da manhã quando minha mãe ligou preocupada.

-Oi mãe.
-Onde você está?!
-No Rock Garden, com Ash, Scott e Zac. -Até ela se assustou quando pronunciei o nome da última pessoa.
-Me avise da próxima vez, estava preocupada. -Ela falou se acalmando. -Ei, você e o Zac....?
-Não mãe, não voltamos. -Falei alto de propósito, ele, que olhava pra mim, encarou a mesa.
-Hm... boa sorte. Te amo querida, a chave está no tapete. -Ela mandou um beijo e eu desliguei.
-Hm, pelo visto já ta meio tarde, mainha também deve estar louca... -Zac falou.
-É, é melhor agente ir.

Nos levantamos e Scott pagou a conta fazendo cenas de desespero. Rimos muito, junto com outras pessoas do restaurante. Na porta, percebi que não era apenas um jantar comemorativo, tinha algo mais.

-Você vai como pra casa, amiga? -Ash indagou.
-Vou pegar um táxi
-Amigaaaa, você está em Londres de 1h da manhã. Tá louca?
-E você quer que eu vá como, amiga? Voando? -Revirei os olhos.
-Eu sugiro que você pegue uma carona. -Estranhei quando ela falou isso.
-Concordo, bem que Zac podia levar você em casa, né? -Scott completou, e nós dois soamos em coro.
-Não, não, não precisa... -Nos olhamos e depois ficamos em silêncio.
-Desculpe. É claro que precisa, você não pode ir pra casa sozinha a essa hora. -Zac falou depois de repensar nas palavras.
-Realmente não precisa, eu me dou muito bem com táxis. -Eu não sei como, senti uma preocupação leve no olhar dele.
-Eu insisto. -Ele disse se arrependendo logo depois.
-Então tá tudo certo, né? Best vai com Zac e eu fico menos preocupada! -Ela sorriu falsamente. Eu pronunciei sem som a palavra: "Ridícula".
-Pois é, tchau cara, tchau Vanessinha -Scott falou com o mesmo tom.
-Tchau amiga, tchau Zac!

Era muito estranho. Ele foi cavalheiro, mas estava sem jeito. Não sei se uma atmosfera tão pequena ia conseguir conter nós dois. Logo no início da "viagem" senti-me forçava a agarrar uma oportunidade única.

-Por que não tirou o anel? -Olhei firme.

Ele apertou mais a mão direita no volante e ficamos em silêncio. Eu esperei calma imersa no silêncio. Não ia força-lo a responder, nem apressar, "deixe a vida acontecer".

-Se isso está te dando esperanças, eu tiro. Foi só comodismo. -Ele não viu as duas lágrimas que caíram, ou fingiu muito bem não ver.

O silêncio nos atingiu mais uma vez. Nenhum gesto a mais, nenhuma palavra pronunciada. Aquilo me acertou como uma bomba, e eu percebia que não podia mais ficar tão perto dele e ficar bem. Não ocnseguia conversar mais com ele porque no final das contas, eu não sabia lidar com a dor. Mexi no meu anel, li o nome dele lá. Na minha cabeça o rosto dele sorrindo pra mim, me fez sorrir sozinha. Não podia ser só verdade. Aquilo tudo, acabar assim? Como comodismo?

-Comodismo? -Disse.
-É. Acostumei. -Ele não tirava o olho da estrada
-Se é comodismo tire, porque esse anel tem mais significado do que costume. -Ele me olhou rapidamente, e desviou quando o encarei. -Isso aqui simboliza amor, compromisso. Não desrrespeite, por favor. -Até eu senti a pontinha de raiva nas minhas palavras.
-Como você quebrou os dois, tire você. -Ele me pegou de surpresa.
-Sabe, de alguma forma... Ainda estamos juntos. -O carro parou, vi minha casa.
-Boa noite. -Ele apenas me cumprimentou.
-Pense nisso. -Implorei.

Saí do carro, e olhei-o partir. Respirei fundo e entrei em casa. Todos já dormiam, eu estava praticamente "sozinha". Sentei no balcão, mordi um sanduiche que provavelmente era pra mim. Fiquei pensando em quanto eu tinha perdido. Por um luxo, esqueci de quem eu era, no que eu acreditava. Por um luxo, quebrei meus próprios princípios, quebrei a lei da minha vida: fidelidade. Por um gesto egoísta, eu machuquei quem eu mais amava e quem eu mais queria bem. Por uma idiotice, eu perdi e dilacerei quem mais me amou. Tudo por um luxo. Mais uma vez eu me culpava, e essa dor, não tinha remédio, apenas o perdão. Um perdão que eu jamais alcançaria, porque EU não me perdoaria.

--x--

Espero que tenham gostado $: Mais uma vez: o Twitter do site: @followsmark e o meu twitter, quem quiser: @rutinhasz Um beijo pra vocês, até outro capítulo. s2

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