A estava insegura. J havia a convidado para ir na casa de Z, porque ele teria que ficar de babá por lá. Enquanto subia o lance de escadas que dava na porta, pensou no porquê da ansiedade de ver J. Hesitou, cerrou suas mãos em punhos duas vezes, nervosa, até que enfim tocou a campainha.
-Ashley. -A empregada sorriu.
-Olá, Lizzie. Jared está aí?
-Sim, sim. Com Sr. Scott na piscina.
-Obrigada.
A não entendeu porque S estaria na piscina se estava quase morrendo. Mesmo assim subiu as escadas, chegando a piscina particular de Z. Ela sabia que não estariam na do jardim.
-Olá, meninos. -Sorriu.
-A?! -S estranhou, enquanto subia de um mergulho.
-Não vim te visitar, nem se anime. -A disse, brincando.
-Olá, A. -J falou calmo e sorridente. Ele estava fora da piscina, caso S se afogasse.
Os dois se cumprimentaram com dois beijos lentos do rosto. S olhou a cena sorrindo. Depois os dois se olharam profundamente e sorriram. Sentiam-se bem quando estavam juntos, era um sentimento estranho e totalmente desconhecido para ambos. O clima foi desmanchado pelo jato de água que S jogou em cima dos dois.
-SCOOOOOOOOOOOOOOTT! -A berrou quando viu seu casaco salpicado de água.
-Você é louco?! -J otmou as dores de A.
-Que coisa mais romântica. A água bate nela e você vem brigar comigo? Eu tenho crédito ok, estou doente. Além do mais, eu estava cansando desse clima meloso de vocês aí. -Se debruçou na borda da piscina. -Chama logo ela pra sair, depois de dois copos de wisky ela já vai pra cama contigo. -A ficou possessa.
-Olha quem fala, vai ver se sou eu que em sã conciência vai pra cama com BETTY STEWART.
-Ei, nem venha, oxigenada! Eu estava bêbado! -S defendeu-se.
-Tão bêbado quanto um alérgico a álcool. -A sorriu irônicamente.
-Olha aí J, ela não negou, então vai fundo! -S gargalhou.
-Estou negando agora. -A disse desafiando-o.
-Impossível negar, eu tenho provas! -S riu mais ainda. -Eu, você e Z em Las Vegas ano passado, aiaiaiaiaiaiaiaiaiai! -A tentava há muito esquecer as besteiras que tinha feito naquele dia.
-Não foram dois copos de wisky, ok? -Ela não sabia por que, mas estava extremamente envergonhada pela presença de J alí. Se fosse qualquer outra pessoa, talvez nem ligasse.
-Ah, esqueci que você fica bêbada com três copos. -S riu.
-Ok, parou. Não vim falar com você. Vá se afogar na piscina, tá? -A disse, séria.
-J está aqui para impedir isso. -S mergulhou rapidamente. -Vá conversar com o amor da sua vida, vá. -A olhou para S, fuzilando-o. -Vai logo, blondie. Eu deixo.
J ria loucamente, enquanto A morria de vergonha. Existiam certas coisas que ela preferia esquecer ou aniquilar do seu passado. Nem sempre ela fora esse anjo de pessoa. Existiram tempos em que a a letra A era associada aos piores adjetivos. Olhou sugestivamente para J, que ainda rindo, sentou-se ao seu lado, ligeiramente longe da piscina.
-Por favor, ignore o que S disse.
-Eu sei que ele exagera, mas foi engraçado. -Pobre J, não sabia que em um passado não muito distante aquelas palavras eram tão reais quanto o sorriso em seu rosto. A sorriu por educação.
-Como você está?
-Estou bem, mas você está tão tristinha... -J buscava motivo no olhar turvo de A.
-Estou preocupada. -A enfim o encarou. -Preocupada com V. -Olhou para a piscina, feliz por não sentir o olhar de S.
-O que aconteceu?
-Não posso te contar, por mais que eu queira. -J se sentiu feliz por A sentir o mínimo de segurança nele. -Não sei se foi uma boa ela ter aceitado tudo isso...
-Tem alguma coisa a ver com Z? -J pensou que V estivesse apaixonada por Z.
-Não. Na verdade, Z é o único que tá ganhando nessa história. -J sentiu-se melhor com a negação. -Ela não conhece onde ela tá metendo o pé. O mundo do Z é muito pra ela. Tenho medo que ela se perca nele.
-Tem medo que ela se venda? Por favor, A. Nem conheço-a direito, mas... Ela tem uma personalidade muito forte pra se deixar levar.
-Não é se deixar levar. É ser obrigada a deixar levarem.
O silêncio fez com que S olhasse para os dois. Quando o olhar de S encontrou o de A, sentiu que tinha algo de errado com V. Saiu da piscina rápido e indagou-a sério.
-Qual o problema?
-Nenhum. -A sorriu, como se não entendesse.
-Onde V está?
-Em casa, ué.
-Com quem?
-Sozinha, né. -A ignorou-o.
-Não. O mais estranho é ela não ter lhe falado. -S sorriu.
-Estaria com quem?
-Z saiu daqui para ir para a casa dela. -Algo em A acendeu. Uma última esperança, quem sabe.
-Ainda bem. Ela não ia conseguir sozinha.
-Conseguir o que? -Pensou rapidamente em uma desculpa e acertou em cheio.
-Aprender a se comportar no... PCA.
-Por que tanta dúvida na sua voz? -S estava desconfiado.
-Por que tantas perguntas ridículas? Apenas vim conversar com J. Eu não sou babá da V, muito menos a mãe dela. Ela não me deve satisfação da vida dela. Não posso ter certeza do que ela está fazendo com o Z lá. Apenas suponho.
A frase soou errado e S automaticamente pegou o celular, que estava próximo, e ligou para Z. Chamava, chamava, chamava e ninguém atendia. Desligou o celular e mordeu o lábio inferior imagnando imagens inimagináveis.
-Z não tá transando com V, relaxe. -A sorriu.
-Como você pode ter tanta certeza? -S ironizou.
-Confie nele, S. -J disse.
-Não confio nem na minha mãe, ok?
-Pois nele, você deveria confiar. Não é qualquer um que põe na própria cama um traidor. -J foi firme e S sentiu o impaco das palavras.
-Ok, então por que ele não atende?
-Não deve estar com o celular perto. Ele lhe disse o que?
-Que ia ajudar V com o babado lá.
-Então pronto. -J encerrou o assunto.
S tentou convercer a si mesmo da lealdade de Z, o que era um pouco difícil já que ele mesmo não era tão leal assim. Pensou que talvez ele tivesse deixado o celular no carro, ou no sofá de V, quem sabe até na cama. "Calma S, ele não seria capaz. Não na sua cara. Seria?"
Z assentiu ligeiramente assustado com o que poderia ser. Pelo menos, o perigo de V desistir de tudo por estar apaixonada por S havia sumido. Mas o que Z não sabia era que o fundo do poço estava mais perto do que ele imaginava.
-Quando eu e S acabamos, ele voltou pra cá rapidamente, mas eu fiquei no Brasil, terminando o curso. Pouco tempo depois, em uma consulta de rotina, descobri que estava grávida. -O espanto de Z foi incalculável. -Me desesperei. Havia acabado com Scott há menos de uma semana, e ele estava por aqui. Além de que, eu sabia que ele ainda era apaixonado por mim, e se soubesse ia usar o filho como desculpa. Outra coisa, eu era muito nova. Mas tinha consciência de que um filho iria atrapalhar todos os meus planos, além de ter que me dedicar para sempre a ele. -V fez uma pausa. -Sou totalmente contra, mas, contra minha própria vontade, abortei. -V falava sem nenhuma culpa ou coisa do tipo. Era como se tudo estivesse bem resolvido na sua cabeça.
-Eu não acredito... O S vai... -Z estava incrédulo.
-Ele não vai nada. Ele não vai saber. Pelo menos, espero que não..
-Mas o que a M tem a ver com isso? -Z chegou no ponto.
-Ela invadiu aqui, não foi? -V perguntou retoricamente. -Então, ela achou a documentação.
-Então.... -Z incentivou.
-Ela está me chantageando.
-Como assim?
-Ela sabe que no fundo, agente não tá junto de verdade. Só precisa de... provas.
-Ela tá pedindo provas se não...
-Conta tudo pro S, e da pior forma possível.
-E por que você não conta de uma vez pra ele?!
-Ele nunca ia me perdoar. Gosto muito dele, é um ótimo amigo, não imagino minha vida sem ele, entende? -As lágrimas rolavam.-Você sabe que o sonho dele era ter um filho. E... -Tentou conter-se, sem sucesso. -A impressão que dá é que eu impedi-o de realizar esse sonho.
-Você vai dar as provas pra ela? -V sentiu a pontada de tristeza de Z.
-Não sei. Ia, mas A pediu para que falar com você antes, talvez você tivessea alguma solução. -Soluçando.
-O único jeito é contar pra S.
-Não posso. Você viu a reação dele quando dei um fora nele? Quase entrou em coma alcoólico! Temo pela saúde dele e pelo sucesso do acordo também.
-Por quê?
-Ele já morre de raiva de você, se souber disso, se bandeia pro lado de M facinho. -Z não havia pensado na possibilidade.
-Conte pra ele. -Foi firme. -Se você explicar direito, dar uma de culpada e arrependida, ele não afeta o plano. E, agente se resolveu. Ele não vai tentar se matar. -Lembrou das palavras que disse a S "Ela não te ama".
-Não sei. -V hesitou.
-Ela te deu quanto tempo?
-Uma semana.
-Como?!
-Uma semana. -V não entendeu.
-Daqui a uma semana certinho é o PCA. Ela quer me arruinar no meio da festa. -Desesperou-se. -Temos que pegar essas provas.
-Ela roubou. Devem estar com ela, como agente vai entrar na casa dela. É mais segura que a sua, se brincar.
-Muito fácil. -Z sorriu. -Eu entro lá quando quiser, tem muita coisa do meu pai por lá. O segredo do cofre só muda com a digital dele, então é o mesmo.
-Você sabe o segredo do cofre?
-Claro. -Z sorriu. -Te levo lá, antes do PCA, com a desculpa de te apresentar a Kate, mãe de M, educação entende? Aí você enrola elas, enquanto eu digo que vou pegar umas coisas do meu pai.
-Você é um gênio. -V sorriu, agradecida.
-Aí M não tem mais como te chantagear. -Z retribuiu sorrindo também.
Um silêncio estabeleceu-se entre eles, e a medida que os sorrisos iam diminuindo, o ambinete fica mais desconfortável. Alguns olhares perdidos, outros desencontrados. Foi em meio a isso que V fez a pergunta que Z mais temia.
-Você disse que se resolveram. -Fez uma pausa. -Você e S.
-Sim, disse.
-Mas, está escondendo isso dele só por causa da empresa. Paradoxo, não? -Z engoliu seco. Ele sabia que os motivos eram outros.
-Não estou escondendo por medo de perder a empresa.
-Então, é por quê?
Z não queria responder. Nem ele aceitava os motivos que o moviam. Assim, permaneceu calado. V sabia que não havia sido aquele o motivo, mas queria saber qual era. Medo de machucar S, talvez. Perpetuando o silêncio, V esperou mais dez minutos pela resposta.
-Amanhã você está livre? -Z mudou o foco.
-Pra que?
-Para irmos para a casa de M.
-Estou. -V passou a mão no olho esquerdo, tentando melhorar sua aparência.
-Passo aqui de três horas, certo?
-Certo. -V olhava para a varanda, os pensamentos distantes.
-Bom... vou voltar. Ver se S melhorou ou se precisa mesmo de um médico.
-Me mantenha informada, por favor. -Falou quase que involuntariamente.
-Ok.
Sem vontade, V levantou-se do sofá e acompanhou Z até a porta. Olharam-se em silêncio mais uma vez e disseram um adeus recíproco. Assim que fechou a porta, V deitou novamente no sofá, abraçando-se, encarando o chão. Pensava em todas as consequencias que a palavra esconder e revelar tinham na sua vida.
Assim que chegou ao carro, V percebeu que o celular ficara no banco. Pegou-o e viu as 8 chamadas de S. Ainda sem poder ouvir a voz do amigo sem sentir-se culpado, colocou o celular no banco do passageiro, ligando o som do carro logo depois. Enquanto dirigia-se à própria casa, pensou no que dizer a S caso ele perguntasse o que eles estavam fazendo. Abrindo a porta de casa, sentiu-se surpreso ao ver A sentada no sofá jogando poker com J e S.
-Blondie?!
-Z! Tudo bom?
-Aham. Nem acredito que você tá jogando poker... Ainda mais com o ladrão do S!
-Ela é pior que eu, Z. Ja me roubou 10 dólares. -S reclamou. -E aí, como foi com a V? -S precisava saber.
-Engraçado. -Z sorriu. -Mas ela aprendeu direitinho. -Sentou-se perto de S, olhando o jogo. -Por que ligou oitenta vezes pra mim? Pensei que tinha morrido, por que né.
-Ah! Besteira, uma aposta com o pessoal. -Z sabia que ele tava mentindo. -Por que não atendeu?
-Esqueci no carro. Acho que caiu do meu bolso, nem sei. -Percebeu o olhar eu-te-avisei de J para S.
-Hm. -S revidou com um olhar vai-se-catar.
Enquanto via os três brigarem pra ver quem roubava mais no poker, Z ficou pensando no motivo de ter ficado calado em relação ao segredo de V. Seria muito mais simples contar a Scott. Seria até mais natural. Porém algo lhe dizia "não, não conte". Algo nem um pouco egoísta, completamente novo e absurdamente diferente.
--x--
Gostaram? (: Espero as respostas nos comentários! *-* Aaaah, estou de férias, mas tenho mil coisas para fazer então vou postar regularmente, ou seja, como sempre.
—————