Capitulo 41.

30/08/2010 10:31

Passaram-se mais algunas dias. Eu tentava aos poucos me aproximar, ser mais amiga. Não queria que ele me tirasse totalmente de sua vida, e ao mesmo tempo queria ir sarando aos poucos a ferida enorme que lhe causara. Com um tempo, ele e Betty já chegavam juntos e saíam juntos, e eu sabia que ela ocuparia o meu lugar. Mas com certeza, sem todo o amor que eu tinha pra dar.

-Sabe, amiga.. Eu estou me sentindo trocada. -Confessei a Ash enquanto esperávamos Scott
-Trocada?
-É. Caramba fazem pouco mais de um mês e ele já está se "apaixonando" por ela.
-Ele está tentando viver uma vida normal. Seguir em frente, você devia tentar também. -Ela disse saboreando um sorvete.
-Eu até tentei sabe, tem muita gente que tá investindo pesado em mim, já te contei. -Rimos. -Mas é como se eu traísse ele mais uma vez.
-Você está se culpando até pelas coisas que não fez! Como quer melhorar desse jeito?
-Scott chegou, vamos vamos!

Puxei ela com tudo e fomos falar com os dois, digo os três. Quando me aproximava, ela coxixou alguma coisa com ele e ficou com cara de enjoada. Só me faltava essa, agora!

-Oie -Disse simpática.
-Vanessinha, sinceramente estou falta de você. -Todos ficamos surpresos, e Zac começou a se comunicar com ele atravez de gestos.
-Nossa, jura? -Sorri e Bitch ficou com raiva.
-Juro! Agora eu sei o que é ter amigo solteiro u-u É UM SACO! ME MATEEEEEEEEEEEEEM! -Ele fez cena de desespero e todos rimos.
-Agora aguenta, agente já aguentou eles dois por muito tempo né, Zac? Agora é nossa vez, HAHA. -Eu brinquei com a situação e Zac se surpreendeu comigo. Ele sorriu pra mim.
-Pois é, nem podem reclamar, ok? -Zac me acompanhou.

No final das contas, a poeira começava a baixar entre mim e Zac. Isso me deixava feliz, apesar de isso significar também um próximo namoro dele com a Bitch. Mas tudo bem, eu era melhor, podia consegui-lo de volta depois.
Naquela tarde, não fui trabalhar. Era meu dia de folga e normalmente eu os passada chorando no meu quarto. Mas, dessa vez resolvi sair de casa, curtir um pouco da minha linda Londres. Resolvi passear em um parque, eu amo os parques daqui. Me deixavam mais viva, mais alegre. Estava correndo, ouvindo "6 meses" de Hey Monday. Aquela mesma que ele tocava pra mim, sempre e sempre. Estava cantando quando esbarrei em alguém, caí no chão com o impacto. Pelo visto nós dois estávamos correndo.

-Auch! -Gritei quando caí no chão. Me analizei pra ver alguma mchucado.
-Vanessa? -Olhei para a pessoa e não acreditei.
-Zac? -Ele me ajudou a levantar e nos sentamos num banco próximo.
-Você correndo? Mudou muito heim...
-Trocando as aulas de teatro por um parque? Acho que não fui a única que mudou -Rimos juntos e depois ficamos meio sem graça, olhando sem dizer nada, apenas nos olhando.
-Você está bem? Estava distraído -Ele perguntou preocupado e se desculpando ao mesmo tempo.
-Estou, não se desculpe, eu também estava destraída. -Sorri.
-Ouvindo o que? -Pegunta errada. Ele queria criar assunto, mas ele errou em cheio!
-6 months. Você? -Ele me olhou assustado, pegou o IPod e me mostrou.
-Também. -Fiquei surpresa com a conhecidência. Mais uma vez, silêncio. -Quer tomar um suco? -Ele ainda falava meio ofegante.
-Pode ser. -Sorri e fomos andando em silêncio.

Como a vida é incrível, não é? O acaso mais uma vez me constrangia e me fazia acreditar que não podia ser só acaso. Tinha acontecido tudo muito perfeito, tudo muito "no momento exato". Chegamos no mini-bar do parque, nos sentamos na cadeira e ele pediu dois sucos de abacaxi com hortelã, era meu preferido.

-Como você tem andado? -Ele perguntou com um interesse tão ávido que cheguei a me assustar.
-Na de sempre, trabalho, faculdade, casa. Nada de: "OMG!" -Encenei e ele riu. Engraçado, ele sorriu com o brilho no olhos e com a vida no rosto. -E você?
-Mesma coisa. Você já sabe que eu saí do teatro, pelo visto. -Ele sorriu.
-É, tenho minhas fontes. -Sorri. -Mas, porque saiu? Você gostava tanto...
-Ainda gosto, e eu vou voltar. Só não estou pronto pra isso ainda, o bom é que eu melhoro na faculdade! Meu pai amou isso. -Rimos juntos mais uma vez. -E como está o Chace? -Quase caí pra traz com essa pergunta.
-Não sei, faço a mínima idéia. -Respondi sincera. Ele apenas afirmou com a cabeça.

Ficamos nos olhando em silêncio. Enquanto tomávamos o suco, não trocamos uma palavra. Porém um fato nos assustou. Em meio a nosso silêncio, uma senhora se aproximou.

-Boa tarde, meu jovens. Vanessa? -Ela se dirigu a mim, ele me olhou com dúvida.
-Sim, sou eu. -Fui gentil, mas não a conhecia.
-Não a conheço, mas Deus pediu-me para lhe dar um aviso. -Quase ri com isso, achava que era pegadinha. -Não é brincadeira, ele me falou seu nome e que estaria com o seu ex-namorado. -Eu e Zac no olhamos e ambas as expressões ficaram sérias.
-O que quer?
-Ainda bem que acertei. Bom, ele disse que a hora chegou, não é necessário um ano. Este é o momento.

Naquele momento meus olhos se enxeram de lágrimas. Como ela sabia tanto se eu nunca a vira? Ela nos cumprimentou e saiu. Entrou em uma loja como se nada tivesse acontecido. Eu ainda estava estática, Zac também.

-Você conhece ela?
-Não, mas o que ela falou faz sentido. -Olhei pro céu, agora com curiosidade sobre o que mais havia ali. Fitei Zac com medo.
-Faz sentido? Como assim?
-Nós precisamos conversar.

Ele moredeu o lábio e esperou. Eu tinha medo de falar as coisas erradas, mas fui confiante. Ele não exitou, este realmente era o momento. Quem sabe o único, o último.

-Conheci Chace na Pacha, ele trabalha lá. Ele ficou dando em cima de mim, e chegou ao ponto de eu ir embora. Mas na mesma noite, só Deus sabe como, ele descobriu onde era meu Hotel e ficou na minha porta implorando pra entrar. Eu abri pra mandar ele ir embora e que ia chamar a polícia, mas ele entrou e me "forçou" a fazer uma coisa que eu não queria nem pretendia. -Parei um pouco, a expressão dele se mantinha séria. -Depois aquilo foi se repetindo, se repetindo, até se tornar um ciclo vicioso, do qual eu não conseguia sair. Quando você foi para NYC, eu comecei a cair na real. Comecei a perceber o quanto de mal eu estava te causando, mesmo que você não sentisse ainda. Saí de lá decidida a deixar aquilo no passado. Mas pra minha surpresa ele apareceu aqui e me ameaçou. Ash calou a boca dele por um tempo, dizendo pra ele conversar comigo antes, mas teve um dia que ele disse que assim que saísse da minha casa ia falar com você.
-Ele foi na sua casa? -Ele interrompeu.
-Uma vez. Pra resolvermos tudo. Mas... eu não queria que você soubesse por ele, entende? Queria te contar, porque eu ia te contar, não ia aguentar viver com uma mentira dessas entre agente. Mas ele não me deu mais tempo, nem nada. E disse que me queria por cinco noites, e ia ficar calado.
-Não acredito que foi por isso... -Ele resmungou. -Podia ter me contato, seria bem melhor. -As palavras amargas saíram de sua boca com dor.
-Eu não pensei na hora, não raciocinei. -As lágrimas começavam a brotar. -Então, no último dia, quando eu estava me vendo livre de tudo isso pra sempre, você aparece lá, do mesmo jeito que eu não queria que aparecesse. Essa é a verdade. E eu sei que você está magoado, eu sei que você está muito chatiado comigo, mas isso foi uma estupidez. Foi uma burrice, um... eu não sei! Eu só sei que eu sinto falta de você todos os segundos, e te amo mais a cada segundo, porque a única coisa que eu tenho certeza agora, é que eu não sei viver sem você. Entende? -Algumas lágrimas escaparam, mas eu as recolhi.
-E você espera que eu te perdoe? -Ele falou irônico.
-Não, porque eu não me perdoaria. Mas eu queria muito, porque eu te amo tanto... Eu tenho tanto amor pra te dar. -Falei sincera. Ele riu de mim.
-Me diz aí, como é beija-lo sabendo que eu confiava em você? Ou você vai dizer pensava em mim quando transava com ele? Você poderia ser mais obscena? -Ele falava com ironia. -Então, não tente se desculpar, nem corrigir. Não gaste seu suspiro pois é tarde demais.

Aquilo me cortou como uma faca, talvez a mulher não estivesse tão certa assim. Fiquei calada por um tempo, e na hora que ia me levantar e ir embora, algo me fez ficar. Eu sentia como se fosse o momento certo, mas eu tinha medo de me magoar mais e mais. Eu prefiro me magoar do que não sentir nada.

-Nunca é tarde demais pra recomeçar. Nunca é tarde demais pra pedir perdão. Nunca é tarde demais pra se arrepender. Do mesmo jeito que nunca é tarde demais pra amar.

Dessa vez ele que ficou calado. Me olhava profundamente, como se me amasse mas tivesse repugnância de mim, tivesse medo de mim. Eu não ia desistir dele, nunca.

-Deixe eu te abraçar pela última vez, é a última chance para sentir o amor de novo. -Disse o encarando.
-Mas você partiu meu coração, agora eu não consigo sentir mais nada... por ninguém. Nem por você. -Ele falou meio triste. -A verdade machuca e a mentira mais ainda. Como eu posso te dar mais que isso, quando eu te amo um pouco menos que antes? -Finalmente estávamos conversando.
-Você se lembra de quando nós estávamos sentados à beira d'água e você colocou seu braço ao meu redor pela primeira vez? Você fez a filha cuidadosa do homem descuidado virar uma rebelde. Você é a melhor coisa que já foi minha. Avançamos no tempo e conquistamos o mundo juntos. Há uma gaveta com as minhas coisas na sua casa, você aprendeu meus segredos e descobriu porque eu sou tão cautelosa. -As lágrimas começavam a se formar nos olhos dele. -E eu me lembro daquela primeira briga enterrada, porque estava tudo escorregando das minhas mãos. Eu saí correndo, chorando, e você me seguiu até a rua, me preparei para o adeus porque isso era tudo o que eu conhecia, brigas e finais tristes. Mas você me surpreendeu e me disse ''eu nunca vou te deixar sozinha''. Você lembra disso?! -Dessa vez as lágrimas me pegaram.
-Do que isso adianta, quando você me provou que tudo foi em vão? Quando você me provou que o seu amor é só uma mentira?
-Nada foi em vão. Nada foi mentira. Pelo menos pra mim não. Eu não te traí por não te amar, e pra ser sincera eu nem sei porque eu te traí. Nunca quis isso, nunca quis ver você machucado. Toda pequena colisão eu tentei desviar, mas pessoas são pessoas e algumas vezes isso não funciona. Entenda, nada do que eu dissesse iria nos salvar da queda. -Algumas lágrimas fugiam dos nossos rostos.
-Mas eu ainda estou magoado com você. Eu ainda sinto raiva, eu não consigo mais confiar em você. Sempre vai ser como se você fosse me trair de novo, entende?! -Ele estava desesperado. -Eu te amo, eu ainda te amo. Mas eu estou tentando mudar. Estou tentando mudar isso, tente também.
-No dia em que você tiver sucesso, você me conta e eu tento. -Ele entendeu a ironia.
-Eu não vou desistir de tentar! Eu não vou mais me machucar, muito menos com você de novo. -Ele falou sério.
-Eu desistiria da eternidade para te tocar, porque eu sei que você me sente de alguma maneira. Você é o mais próximo do paraíso que jamais estarei... eu não quero ir para casa agora. Porque tudo que posso sentir é este momento, tudo que posso respirar é a sua vida, mesmo sabendo que mais cedo ou mais tarde tudo acaba. Eu só não quero ficar sem você mais uma noite.

Eu chorava e eu senti como se ele acreditasse mais em mim. Eu o via chorar, e sentia o gosto amargo de nosas dores, que misturadas nos faziam morrer por dentro. Eu sabia o quanto era difícil pra ele, porque eu traí a confiança dele, mas... eu queria consertar. Eu ia provar pra ele que ele podia confiar em mim outra vez, e que eu era a mulher da vida dele.

-Vanessa, eu não sei se sou capaz de te perdoar. -Ele foi sincero.
-Quem ama perdoa, lembra?
-Você falando da Bíblia? -Ele riu.
-É.
-Quem ama cuida e não falta com a verdade também. -Ele disse pra mim.
-Mas eu sou humana, eu erro. Mas eu aprendi, eu tô correndo atraz do prejuízo, eu já fui castigada, eu aprendi a lição. Você ainda tem duvidas que eu te ame?
-Tenho. -Fiquei incrédula. -Você dizia que me amava e coisas bonitas antes também e me traiu mesmo assim. Acho que é melhor cada um pro seu canto, cada um com a sua vida. Podemos ser... amigos. -Ele disse estranhado a própria palavra.
-Amigos? Eu não sei ser sua amiga, desculpe. Meu amor dá um pouco mais que isso...
-O meu também, mas eu não te perdoei, nem estou pronto pra isso.

Olhei a mesa e respirei meio sem ar. O meu coração doía, sangrava. Comecei a chorar, chorei como nunca. Nem naquele dia no Motel, nem em casa, nem em dia nenhum eu chorei como chorei naquela mesa. Ele segurou minha mão, e aquilo me deu um pouco de vida, um pouco de alegria, mas eu tinha guardado esse choro a muito tempo. Tentei transferir a dor em minhas lágrimas, e isso me custou muitos soluços.

-Pare de chorar, por favor. -Ele pediu. -Por favor, não gosto de te ver assim, pare. -Eu simplesmente não conseguia. -Eu estou com você, estou aqui. Pare de chorar. -Amenizei o choro, mas as lágrimas caíam involuntariamente.
-Não me peça isso, porque eu acabei de perder o melhor pedaço de mim.

Ele me abraçou. Não esperava jamais isso dele, mas ele me abraou forte. Senti o cuidado, o zelo, a proteção, o amor que eu não sentia há tempos. O abracei, ainda chorando e percebi que agora lágrimas dele molhavam minha blusa. De início ele me consolava, mas com o tempo, eu é que o consolava. Nunca o vira tão dilacerado daquela forma. Chorando em meu ombro ele encontrava abrigo na pessoa que o traíra.
Muitas perguntas e dúvidas foram respondidas e esclarecidas alí. E não só dúvidas, mas dores foram curadas. Dentre tantas as que ele sentia, dentre tantas a que eu sentia, muitas puderam ser saradas e aos poucos nossos corações ficavam mais inteiros, mais completos, um remendado pelo outro.

--x--

Espero que gostem, chorei escrevendo $: Beijos s2 Twitter: @followsmark

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